sexta-feira, 28 de junho de 2013

Licuri (Syagrus coronata)


O licuri, ou ouricuri, nicuri, licurizeiro (Syagrus coronata) como é chamado em diversas regiões onde é encontrado. É uma palmeira da família das Arecaceae (principes), pertencente ao gênero Syagrus, assim como o ariri, ou licurioba-da-caatinga (Syagrus vagans). A palmeira não recebe o segundo nome atoa, "coronata", segundo Martius Becc., que registrou a espécie, da a ideia de corôa, característica imposta pela queda da folhas, que ao cair deixam a bainha fixa no tronco, e ao passar do tempo, as bainhas vão formando um espiral no tronco da árvore, deixando parecer uma corôa. É uma palmeira nativa do SAB (semiárido brasileiro), e se estende desde o norte do estado de Minas Gerais e todo o Nordeste, apresentando boa adaptação às condições de solo e clima que o semiárido oferece, variando desde solos com fertilidade baixa, média e alta, e o clima de semi-aridez, com precipitações muitas vezes inferiores à 400 mm anuais. Da planta, tudo é aproveitado, desde suas folhas, utilizadas na confecção de diversos artesanatos, usada na alimentação animal, e como fonte de matéria-prima na industria de saponáceos. Dos frutos, denominados amêndoas, é amplamente usado desde a produção de azeite, devido a alta concentração de óleo, que está em torno de 42%, a cocada de licuri, licuri caramelado, dentre outras. E de uma estrutura encontrada dentro do tronco do licuri, é extraído o bró, que é usado na produção de farinha, a farinha do bró. Mas nesse ultimo exemplo, só em casos de extrema seca, como foi relatado na grande seca ocorrida nos anos de 1929 a 1932. O licuri faz parte da cultura do povo do sertão. Sendo que nas últimas 5 décadas, sua população vem sendo reduzida, os licurizais desaparecendo, e em seu lugar, as pastagens tomam conta, para a criação de gado. Atividade agropecuária incentivada pelo governo dos municípios mediante a aprovação da Lei do Pé Alto, ou Lei dos Quatro Fios, mal sabendo esses pecuaristas, que um sistema agrosilvopastoril, só traria benefícios à criação. É raro no semiárido, agricultores familiares que não completam a sua renda fazendo uso do licuri, sem agredir a população da planta. Quase que sem exceções, os agricultores familiares, camponeses, etc., fazem uso do que a palmeira oferece.

Texto: Erli Pinto dos Santos
Téc. Agropecuário
Graduando em Agronomia - UEFS
(74) 9196-6275

Barriguda (Ceiba glaziovii)


Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum.
Malvaceae
Árvore
A floração ocorre na estação seca

A Barriguda (Ceiba glaziovii) é uma árvore de 10-18 m em altura. Seu tronco e galhos são revestidos fartamente por vigorosos acúleos (“espinhos”) em forma de funil, que dificultam a escalada de mamíferos e répteis, garantindo segurança às aves que fazem ninhos em sua copa. Sua característica mais notável é uma parte bem saliente (pode atingir 1,5 m em diâmetro), à meia altura de seu tronco, que lembra uma barriga. Essa saliência é um reservatório de água, uma das estratégias adotadas pela planta para assegurar-lhe água na estação seca. Folhas com 4-7 folíolos e flores grandes (7 cm) brancas com pétalas peludas e estrias longitudinais avermelhadas. Fruto em forma de pêra com cerca de 10 cm e sementes imersas em uma paina (“algodão”), chamada lã de barriguda, dispersas pelo vento. A Barriguda apresenta distribuição restrita ao Nordeste do Brasil, ocorrendo de forma descontínua e com indivíduos isolados. Madeira branca e mole, talvez por isto a árvore seja pouco cortada. A lã serve para encher travesseiros, colchões e selas. A casca é utilizada no tratamento de hérnias, reumatismo, inflamação do fígado, problemas cardíacos e pressão alta. Árvore imponente, excepcional para uso paisagístico. Floresce com a planta despida de folhas.


Imagem e texto retirado do livro: CASTRO, A. S. & CAVALCANTE, A. Flores da caatinga - Caatinga flowers. Campina Grande. Instituto Nacional do Semiárido, 2010. p. 25 e 26.